Um livro de pedra e sopro: SCDF rememora a Convenção de Lausanne

Num evento de profundo significado histórico e espiritual, o Suprême Conseil de France (SCDF) realizou uma solene rememoração dos 150 anos da Convenção de Lausanne, transcendendo a mera recordação para reativar os princípios fundadores do Rito Escocês. Perante uma vasta plateia que se estendeu por inúmeros Orientes em França, no ultramar e no estrangeiro, o "Très Puissant Souverain Grand Commandeur" Jacques Rozen inaugurou os trabalhos, estabelecendo o tom ao declarar que Lausanne não é um museu de princípios, mas uma bússola para o viajante do Rite. A cerimônia, que ganhou a espessura de um tempo ritual, foi marcada pela presença fraternal de um número excepcional de Supremos Conselhos, simbolizando a unidade na diversidade e transformando o tributo num trabalho interior partilhado.
O evento desdobrou-se em mesas-redondas que exploraram desde os primórdios históricos da Convenção de 1875 até às suas repercussões contemporâneas em África e no mundo. O diálogo, iniciado por Jean-Paul Minsier e Didier Karkel, dissipou mitos e revelou os verdadeiros contornos diplomáticos e espirituais de Lausanne, reposicionando-o não como um fracasso, mas como a base que redefiniu o século seguinte. A perspectiva global foi enriquecida por vozes como a de Marcel Dobill, do Cameroun, que afirmou não existir um "ecossismo africano", mas uma prática viva do Rito por africanos, e por Mohammed El Khourouj, do Marrocos, que teceu um diálogo inesperado e fértil entre a Declaração de Lausanne e a hermenêutica corânica, demonstrando a amplitude universal do simbolismo maçónico.
A jornada encontrou o seu epílogo nas alocuções finais, que recosseram o tecido da fraternidade e projetaram o legado para o futuro. Thierry Zaveroni e Jean-Raphaël Notton, da Grande Loge de France, enfatizaram a ética da presença, a paciência pedagógica e uma fidelidade serena ao trabalho. Jacques Rozen, na clausura, remeteu cada atelier à sua bússola interior, lembrando que a unidade não é uniformidade e que o Rito perdura pela tenura interior de quem o serve. A convicção que permanece é a de que Lausanne não é uma data no passado, mas uma disciplina para o futuro: uma maneira de caminhar juntos, ajustando a esquadria à consciência e o compasso à exigência espiritual dos tempos que virão.

