Transparência ou intromissão? Met Police debate revelação de laços maçônicos.

21/11/2025

A Polícia Metropolitana de Londres (Met Police) iniciou uma consulta que pode obrigar os seus agentes a declararem abertamente se são membros da Maçonaria. A proposta, que visa incluir a fraternidade na política de "associações declaráveis" da força policial, não proíbe a filiação mas impõe um novo dever de transparência. O objetivo declarado é responder a preocupações internas sobre o potencial impacto que a lealdade a tais grupos possa ter em investigações, promoções e processos de má conduta, um assunto que veio à tona com o relatório do Painel Independente sobre o assassinato não resolvido de Daniel Morgan, em 2021.

A medida é justificada pela chefia da Met como uma forma de reforçar a integridade e a confiança pública, alinhando a Maçonaria com outras associações que os agentes já são obrigados a declarar, como ligações a indivíduos condenados por crimes ou a certas profissões. O histórico do caso Morgan, no qual a suspeita de que a filiação maçônica de alguns agentes teria corrompido o inquérito, é citado como um dos motivos centrais para a proposta. A força policial enfatiza que a iniciativa pretende abordar percepções de conflito de interesses e garantir que todas as associações sejam totalmente transparentes.

No entanto, a proposta enfrenta uma oposição firme da Federação da Polícia Metropolitana, que representa os agentes. O secretário-geral da federação, Matt Cane, argumenta que a regra viola o direito à vida privada e à liberdade de associação, consagrados na Convenção Europeia dos Direitos Humanos. Cane questiona os limites desta nova exigência, ponderando se, no futuro, a filiação a clubes de golfe, organizações religiosas ou mesmo institutos de mulheres poderá ser alvo da mesma obrigatoriedade, e promete contestar qualquer processo punitivo destinado a fazer cumprir a medida.