Mississippi vota fim da separação racial na Maçonaria com reconhecimento à Prince Hall.

12/12/2025

Uma decisão marcada para março de 2026 pode reescrever um capítulo da história americana dentro dos templos maçônicos. A principal loja maçônica do Mississippi, predominantemente branca, votará uma resolução para considerar oficialmente seu congênere histórico da comunidade afro-americana, a "Stringer Grand Lodge". Se aprovada, a medida enterrará um dos últimos resquícios formais de segregação racial na fraternidade, deixando apenas Arkansas e Carolina do Sul como os únicos estados onde essa divisão persiste.

A raiz da polêmica é histórica. Após a Guerra Civil, maçons negros, que já se organizaram nacionalmente sob a linhagem "Prince Hall", fundaram a Stringer Grand Lodge of Mississippi em 1875, nomeada em homenagem ao seu primeiro Grande Mestre, Thomas W. Stringer. No entanto, as Grandes Lojas "mainstream" (predominantemente brancas) do Sul recusaram-se a reconhecê-las, criando um sistema paralelo que espelhava as leis de segregação racial da época, conhecidas como "Jim Crow". Por mais de um século, duas matrizes coexistiram no mesmo estado, professando os mesmos ideais de fraternidade, mas separadas pelo cor da pele.

O "reconhecimento conjunto" é mais que um mero protocolo; é um ato de legitimação fraterna e reconciliação histórica. Caso aprovado no Mississippi, o que também exigirá um aval correspondente dos maçons do Prince Hall locais, o gesto terá um peso simbólico enorme. Ele demonstrou que os ideais universais da ordem finalmente prevaleceram sobre um legado de exclusão, isolando definitivamente os dois últimos estados que ainda resistem a essa virada de página na história da maçonaria norte-americana.