Quem foram os Quatro Coroados?

Mártires, Lenda e Simbologia
Os Quatuor Coronati ("Quatro Coroados" em latim) são um grupo de mártires cristãos do século III, reverenciados tanto pela tradição religiosa quanto pela Maçonaria. A narrativa histórica relata que Cláudio, Nicóstrato, Sinforiano, Castório e Simplício — artífices especializados em escultura e construção — foram executados sob o imperador Diocleciano por recusarem-se a esculpir uma imagem pagã, mantendo sua fé cristã. Enterrados nas catacumbas de Roma, receberam o título de "coroados" como símbolo de sua coragem e lealdade até a morte, sendo celebrados em 8 de novembro no calendário católico.
Na Idade Média, sua história ganhou significado além do martírio religioso, tornando-se uma referência para guildas de pedreiros e construtores. Essas corporações medievais, precursoras da Maçonaria moderna, viam nos Quatro Coroados exemplos de integridade profissional e resistência ética, valores essenciais aos ofícios manuais. A lenda dos mártires que preferiram a morte à traição de seus princípios ecoou nos ideais maçônicos, como a busca pela verdade e a importância do trabalho honesto. Essa conexão entre o sacrifício cristão e a mestria artesanal ajudou a consolidar a simbologia operativa que mais tarde influenciaria a Maçonaria especulativa.
Na Tradição Maçônica, os Quatro Coroados são lembrados como símbolos da união entre o trabalho concreto e a reflexão filosófica. Uma das referências mais notáveis é a Quatuor Coronati Lodge n° 2076, fundada em Londres em 1886, dedicada ao estudo histórico e esotérico da Ordem. Essa loja, ainda ativa, publica pesquisas fundamentais sobre rituais e simbolismo maçônico, mantendo viva a herança dos mártires. Assim, os Quatro Coroados transcendem sua origem religiosa: representam a fusão entre espiritualidade, ética no trabalho e busca pelo conhecimento — pilares que unem a devoção cristã à filosofia maçônica ao longo dos séculos.

