Como é a Maçonaria na Rússia?

10/04/2025

A história da Maçonaria na Rússia é marcada por contradições. De um lado, nomes como Pushkin, Kutuzov e até czares como Alexandre I fizeram parte dela; de outro, foi perseguida como "ameaça" pelo Estado e pela Igreja Ortodoxa. Proibida em três ocasiões (sob Catarina, a Grande, em 1822 e após a Revolução Bolchevique), sobreviveu graças à discrição. Hoje, a Grande Loja Russa conta com cerca de 1.300 membros — quase todos homens acima dos 50 anos — que evitam exposição: rostos são borrados em muitas fotos, reuniões são sigilosas, e o único porta-voz é o Grão-Mestre Andrei Bogdanov.

A relação com o Kremlin é de distensão calculada. A Maçonaria russa não discute política ou religião, não tem figuras oposicionistas em suas fileiras, e Bogdanov já foi até convidado para cerimônias presidenciais. Essa neutralidade estratégica a protegeu de novas perseguições, embora teorias da conspiração ainda circulem online. No passado, porém, sua influência foi maior: no século XVIII, maçons fundaram hospitais, escolas e bibliotecas, enquanto nobres viam a ordem como um caminho de "europeização".

O preço da sobrevivência foi a obscuridade. Membros ocultam suas identidades para evitar discriminação, e a ordem se autofinancia para não ser acusada de receber verbas estrangeiras. Seu único ativismo público resume-se a depositar flores em monumentos nacionais duas vezes ao ano. Para o Kremlin, é um acordo conveniente: a Maçonaria não desafia o poder, e o Estado ignora sua existência. Afinal, como diz o artigo original do Moscow Times — que manteve o autor no anonimato por segurança —, "talvez seja melhor manter algumas coisas em segredo".

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Fonte: themoscowtimes.com, adaptado.