A Vingança é uma Virtude Maçônica?

A vingança é uma paixão irracional e destrutiva, dizem-nos. A justiça, por sua vez, é tida como nobre, equilibrada e promotora da paz social. Contudo, a linha que separa a vingança da justiça, tanto na História como na atualidade, é por vezes tênue e difícil de distinguir. Da Bíblia aos dias de hoje, a vingança é justificada em nome de uma "justiça divina" ou "social", alimentando guerras, punições e até ataques terroristas, num ciclo que parece interminável.
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Na sociedade moderna, a vingança foi camuflada sob novas formas: o tribunal substituiu o duelo, o código penal o talhão, mas a lógica subjacente continua a mesma. A prisão, as guerras preventivas e até os linchamentos mediáticos não passam de expressões da mesma fúria que a Antiguidade conhecia sob a forma de "olho por olho". E, ao olhar para a Maçonaria, vemos um paradoxo: rituais e símbolos de punição perpetuam um ciclo de vingança, contradizendo a própria ideia de superação da ignorância e do mal.
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A verdadeira ruptura, no entanto, reside no perdão. Não um perdão ingênuo, mas um perdão consciente que quebra o ciclo da violência. Só ao perdoar podemos romper com a cadeia da vingança, recusando ser um elo na transmissão do mal. Essa é a nossa verdadeira missão como maçons: criar um caminho onde a justiça não se confunda com vingança, onde a luz dissipe as trevas, e onde a única verdadeira vitória é a interior.

