(1881) 🇮🇹 Fundação do Rito de Memphis-Misraim

O Rito Antigo e Primitivo de Memphis-Misraïm, criado em Nápoles em 1881 pela fusão do Rito de Misraïm, originado no século XVIII em Veneza, e do Rito de Memphis, fundado por Marconis de Nègre em 1838, é amplamente conhecido como "Maçonaria Egípcia" devido ao uso predominante de simbolismo do Antigo Egito e filosofia hermética. Essa tradição maçônica combina elementos da espiritualidade esotérica com ideais humanitários, oferecendo um espaço para a busca do conhecimento místico e do autodesenvolvimento. Sua origem reflete uma tentativa de revitalizar os mistérios antigos dentro de uma estrutura maçônica, com forte ênfase na exploração de práticas esotéricas, como o hermetismo e a cabala, e na promoção do progresso social.
A história do Rito de Memphis-Misraïm está marcada pela unificação e expansão sob a liderança de várias figuras proeminentes. Inicialmente, foi liderado por Giuseppe Garibaldi, um dos grandes nomes da unificação italiana, e mais tarde desenvolvido por líderes como John Yarker e Theodor Reuss. A consolidação do rito na França se deu com a sucessão de Grandes Mestres, entre os quais se destacam Jean Bricaud, Constant Chevillon e, particularmente, Robert Ambelain, que em 1960 reformou profundamente os rituais, dando uma nova direção à prática. Essa reformulação teve um impacto profundo na estrutura e nos ideais do rito, ajustando-o às necessidades contemporâneas sem perder suas raízes tradicionais.
Estruturalmente, o Rito de Memphis-Misraïm é notável por seu sistema de graus, que vai de 90 a 99, incluindo uma série de graus honorários. A filiação dentro do rito pode ser transmitida por um único indivíduo a partir de determinados graus, o que proporciona uma flexibilidade única, mas também gera desafios relacionados à legitimidade e à continuidade dos ensinamentos. O rito é praticado por várias Obediências maçônicas ao redor do mundo, incluindo o Grande Oriente de França desde 1862, além de outras Lojas reconhecidas internacionalmente, que mantêm viva a tradição e a filosofia que o caracteriza.
Os fundamentos filosóficos do Rito de Memphis-Misraïm o distinguem de outras tradições maçônicas ao focar profundamente na conexão entre a humanidade e o sagrado. Ele busca reviver os antigos mistérios egípcios e integrá-los em um sistema maçônico, priorizando o estudo de temas esotéricos e filosóficos, como o hermetismo e a cabala, como formas de promover o autoconhecimento e a evolução espiritual. Ao mesmo tempo, o rito se compromete com a defesa de ideais humanitários e a busca por um progresso social genuíno.
Nos tempos contemporâneos, o Rito de Memphis-Misraïm enfrentou um significativo cisma na França em 1998, que resultou na fragmentação da sua estrutura em várias Obediências. No entanto, o rito continua a ser praticado em diversos países, mantendo seu caráter distintivo como uma ponte entre os mistérios egípcios antigos e a tradição maçônica moderna, e continuando a atrair novos adeptos em busca de uma jornada esotérica e filosófica profunda.

