(1781) 🇮🇹 Fundação do Rito Egípcio pelo Conde Cagliostro

05/06/1781

O Conde Alessandro di Cagliostro, figura notoriamente conhecida como curandeiro, alquimista e ocultista, fundou o Rito Egípcio em 1781, com a intenção de reformar e aperfeiçoar a Maçonaria, fundindo-a com a filosofia Hermética e os ensinamentos alquímicos. Para Cagliostro, Maçonaria, Hermetismo e Alquimia não eram entidades separadas, mas representavam um único caminho espiritual destinado à perfeição da alma e à união com o divino. Em sua visão, a Maçonaria regular havia se afastado dessas tradições essenciais e, como resposta, ele criou um sistema de rituais maçônicos que incluíam esses elementos místicos e transformadores.

O Rito Egípcio, fundado por Cagliostro, era estruturado em três graus, com cada um correspondendo a um estágio do processo alquímico. O primeiro grau, denominado Aprendiz Egípcio, representava o estágio da Nigredo (enegrecimento), um processo profundo de autoconhecimento, onde o iniciado confrontava seus vícios e medos, começando sua jornada de purificação interior. O segundo grau, o Companheiro Egípcio, simbolizava a Albedo (embranquecimento), a purificação e renovação espiritual, onde o maçom, após passar por rituais de fumos e ser vestido com uma túnica branca, era simbolicamente "renascido". O terceiro grau, o Mestre Egípcio, correspondia à Rubedo (avermelhamento), culminando no renascimento e na realização da imortalidade espiritual, onde o iniciado atingia a perfeição ao se tornar o Rebis, um "andrógino divino", representando a união do amor e da alma, criando o nascimento divino e o ouro espiritual.

Cagliostro acreditava que a Maçonaria não deveria ser apenas uma organização de fraternidade, mas um caminho esotérico, uma alquimia espiritual destinada a transformar o homem. Seu Rito Egípcio não era uma excentricidade, mas uma obra profunda que resgatava as raízes espirituais da Maçonaria, colocando a ênfase no desenvolvimento interno e na regeneração da alma. Cagliostro influenciou diversas correntes esotéricas de sua época, como os Rosacruzes, e seu rito continuou a ser praticado secretamente por diversas sociedades maçônicas ao longo dos séculos.

Os símbolos tradicionais da Maçonaria, como as duas colunas, o sol e a lua, e o esquadro e o compasso, adquiriram novas interpretações dentro do contexto alquímico de Cagliostro, representando princípios universais que transcendiam a organização maçônica, tendo profundos significados espirituais e cósmicos. A missão de Cagliostro era restaurar à Maçonaria a sua função original como um caminho de aperfeiçoamento espiritual, utilizando os conhecimentos alquímicos e herméticos para alcançar a transformação interior e a cura da humanidade. Para ele, a Maçonaria, em sua essência, era um processo alquímico de regeneração e iluminação espiritual, um verdadeiro "ouro" oculto a ser descoberto pelos iniciados.