(1751) 🇬🇧 Surgimento do Rito de York
O Rito de York, também conhecido como Rito Americano, tem a sua origem formal marcada pelo trabalho de compilação e codificação realizado pelo Irmão Thomas Smith Webb. No ano de 1797, Webb publicou a sua obra, o Freemason's Monitor or Illustrations of Masonry, que estruturou de forma coerente os rituais maçônicos que dariam identidade ao Rito. Por esta razão, Webb é considerado o seu principal organizador e fundador, o "pai" do Rito de York como o conhecemos hoje.

O rito, no entanto, bebe de fontes muito mais antigas. O seu nome é uma homenagem à cidade de York, em Inglaterra, local de uma lendária assembleia de maçons no longínquo ano de 926. A sua base ritualística está profundamente ligada ao cisma que dividiu a Maçonaria inglesa no século XVIII. Em 1751, maçons de origem maioritariamente irlandesa, que se autodenominavam os "Antigos", fundaram a sua própria Grande Loja em oposição à primeira Grande Loja de Londres (de 1717), a quem chamavam pejorativamente de "Modernos". Os "Antigos" consideravam que os "Modernos" haviam alterado indevidamente os rituais e negligenciado graus que julgavam essenciais, como o do Real Arco. Foi a tradição destes "Antigos" que, levada para as colónias americanas, serviu de matéria-prima para o trabalho de Webb e prevaleceu nos Estados Unidos após a independência.
Uma das peculiaridades mais notáveis do Rito de York é a sua estrutura, que é melhor entendida não como uma pirâmide rígida, mas como uma coleção de corpos autónomos que, em conjunto, contam uma história moral integrada e progressiva. Estes corpos são hierarquizados em quatro segmentos distintos, que vão dos Graus Simbólicos (Aprendiz, Companheiro e Mestre), passando pelos Graus Capitulares (como o Mestre de Marca e o ápice do Real Arco, considerado o complemento do Mestre Maçom), seguindo para os Graus Crípticos (Mestre Real e Mestre Escolhido, que exploram segredos em câmaras subterrâneas) e culminando nas Ordens de Cavalaria. É crucial salientar que, ao contrário de outros ritos, a ordem final dos Cavaleiros Templários é restrita a maçons que professam a fé cristã, constituindo uma característica única e definidora.
É também fundamental diferenciar o verdadeiro Rito de York do chamado "Ritual de Emulação". Enquanto o Rito de York, com os seus 13 graus organizados, é um sistema completo e hierárquico, o Ritual de Emulação é praticado em Inglaterra e refere-se apenas aos três graus simbólicos, sendo as ordens superiores corpos totalmente independentes e sem a obrigatoriedade de progressão sequencial. No Brasil, esta distinção é particularmente relevante, pois enquanto o Grande Oriente do Brasil (GOB) trabalha com um ritual simbólico semelhante ao de Emulação (que chama erroneamente de Rito de York), as Grandes Lojas estaduais e outros orientes independentes praticam o autêntico Rito de York americano, com toda a sua estrutura de altos graus. Esta riqueza histórica e ritualística, que se manteve praticamente inalterada por mais de 220 anos, faz do Rito de York um guardião imensurável das tradições mais antigas da Maçonaria.

