(1723) 🇬🇧 Constituições de Anderson 

04/10/1723

As Constituições de Anderson, redigidas pelo pastor James Anderson e por Jean Théophile Désaguliers e publicadas em 1723, são o documento fundacional da Maçonaria especulativa moderna. Elas representaram a transição formal da maçonaria "operativa" (dos pedreiros construtores medievais) para a "especulativa" (filosófica e simbólica), consolidando a recém-criada Grande Loja de Londres (1717).

O texto foi encomendado pelo Duque de Montagu e baseou-se em manuscritos maçónicos antigos, como o "Poema Regius" e o "Manuscrito Cooke", compilados por George Payne. A sua estrutura divide-se em quatro partes principais: uma História Legendária da Maçonaria; os Deberes, que são as regras morais e de conduta; os Regulamentos Gerais para a administração da Ordem; e uma série de Cantos para uso nas Lojas.

O seu significado mais profundo e revolucionário está nos "Deberes". Estes estabelecem que o maçon deve ser um "homem bom e leal", submetendo-se à lei civil e vivendo em harmonia com todos. O artigo mais crucial promove a tolerância religiosa, afirmando que, embora no passado os maçons devessem praticar a religião do seu país, agora "lhes é imposta apenas aquela Religião na qual todos os homens concordam", deixando-lhes liberdade de opinião. Esta "Religião universal" é a crença num "Grande Arquitecto do Universo". Para preservar a harmonia, as Constituições proíbem expressamente discussões sectárias sobre religião e política nas Lojas.

Simbolicamente, as Constituições redefiniram o propósito da Maçonaria: a nova "catedral" a construir não seria mais de pedra, mas sim a própria Humanidade. O trabalho do maçon passou a ser o auto-aprimoramento, "polidando a sua pedra bruta" através de virtudes e valores simbolizados pelas ferramentas de construtor. Desta forma, as Constituições de Anderson estabeleceram a Maçonaria como uma instituição fraterna, filosófica e não sectária, dedicada ao progresso moral da humanidade.