(1691) 🇬🇧 Adoção de Sir Christopher Wren como Maçom

A alegação de que Sir Christopher Wren foi um maçom e Mestre da Loja da Antiguidade é uma narrativa tradicional e historicamente significativa dentro da Maçonaria, embora as evidências sejam nuances e tenham sido debatidas por estudiosos. Os relatos tradicionais, notadamente os registros da própria Loja da Antiguidade No. 2, uma das quatro lojas fundadoras da Premier Grand Lodge of England em 1717, sustentam que Wren foi "adotado" — isto é, aceite como uma espécie de membro honorário ou patrono — a 18 de maio de 1691, enquanto supervisionava a reconstrução da Catedral de São Paulo. Esta alegação é corroborada por artefactos como um malho do século XVIII com uma inscrição de 1827 que afirma ter sido utilizado por Wren para colocar a pedra fundamental da catedral.
A divulgação mais ampla desta ideia deve-se a James Anderson nas suas "Constituições" de 1738, uma obra fundamental para a Maçonaria, que identificou Wren como Grão-Mestre, uma alegação que persistiu enquanto muitos dos amigos de Wren ainda estavam vivos. No entanto, a investigação histórica moderna, incluindo a "Prestonian Lecture" de 2011, salienta a falta de provas documentais contemporâneas incontestáveis. Esta análise conclui que, com base em dois obituários e nas memórias de John Aubrey, é plausÃvel que Wren tenha estado presente numa reunião restrita em 1691, provavelmente da Loja da Antiguidade. Contudo, a mesma investigação não encontrou qualquer indÃcio que sustentasse a alegação de Anderson de que Wren tenha alguma vez servido como um Grão-Oficial. A questão é complicada pela distinção entre as lojas operativas de canteiros, que poderiam naturalmente ter honrado o seu patrão, e as lojas especulativas ou de cavalheiros, que se tornaram fashionáveis apenas após a morte de Wren. Assim, o consenso académico atual inclina-se para a probabilidade de uma afiliação de Wren a uma loja, mas considera as tradições que o elevam ao cargo de Mestre da Loja ou de Grão-Mestre como carentes de verificação histórica definitiva.
Sir Christopher Wren (1632-1723) foi uma das figuras intelectuais mais proeminentes do século XVII inglês, cuja carreira emblemática personifica a transição entre a Revolução CientÃfica e o florescimento da arquitetura barrota britânica. Inicialmente distinguindo-se como matemático, astrónomo e fÃsico, Wren foi educado em Oxford, onde se tornou fellow do All Souls College e posteriormente Professor Saviliano de Astronomia. A sua curiosidade intelectual abrangente levou-o a realizar experiências pioneiras em áreas tão diversas como fisiologia, microscopia, mecânica e meteorologia, tendo inclusive concebido um dos primeiros pluviómetros de caixão basculante. A sua centralidade no meio cientÃfico do perÃodo ficou consagrada com a fundação da Royal Society, da qual não apenas foi membro fundador como também presidiu entre 1680 e 1682.
O ponto de viragem para a sua reconversão profissional ocorreu após o Grande Incêndio de Londres de 1666, que destruiu grande parte da cidade, incluindo a antiga Catedral de São Paulo. Nomeado Inspector Geral das Obras Reais em 1669, Wren assumiu a monumental tarefa de reconstruir cinquenta e duas igrejas na Cidade de Londres, demonstrando não apenas engenho técnico mas também uma sensibilidade estética única que sintetizava influências clássicas, palladianas e barrocas, adquiridas durante uma crucial viagem a Paris em 1665, onde contactou com Gian Lorenzo Bernini.
A sua obra magna, a Catedral de São Paulo, consumiu trinta e seis anos de planeamento e construção, constituindo um triunfo da engenharia e da composição arquitetónica. A sua cúpula tripla, uma solução técnica brilhante, permanece como um dos marcos do horizonte londrino. Entre os seus outros projetos seculars notáveis contam-se o Royal Hospital Chelsea, o Royal Naval College em Greenwich, a biblioteca do Trinity College em Cambridge e a fachada sul do Hampton Court Palace. A sua produção reflete uma abordagem profundamente racional e experimental, herdada da sua formação cientÃfica, mas sempre temperada por um sentido de monumentalidade e decoro adequado à s funções dos edifÃcios.
A questão da sua possÃvel filiação maçónica, especificamente como Mestre da Loja da Antiguidade, permanece envolta em controvérsia historiográfica, baseando-se mais em tradições do século XVIII do que em evidências documentais contemporâneas irrefutáveis. O seu legado, no entanto, é inquestionável. Wren faleceu nonagenário e foi sepultado na cripta da sua obra mais célebre, onde o seu memorial ostenta a famosa inscrição latina: Lector, si monumentum requiris, circumspice ("Leitor, se buscas o seu monumento, olha à tua volta"). A sua figura representa a fusão ideal entre o homem de ciência e o artista, cujo trabalho redefiniu de forma duradoura a paisagem urbana de Londres e o curso da arquitetura britânica.

